Nesse tempo de formaturas, de despedidas, é impossível para mim não sentir náusea das manifestações de afeto de alguns. Penso que esse é um recurso para se sentir especial, único, mas tal recurso implica na exclusão do diferente. Isso me incomoda porque nesse caso o excluído sou eu. Aí pego um livro pra ler, daqueles que comprei e nunca passei das primeiras 50 páginas, e encontro:
"Toda classificação parece pedir uma divisão do mundo. Existindo uma classe, existe o que está dentro e o que está fora dela. Dentro e fora, sim e não, excluem explicitamente um ao outro. São formalmente opostos, como o grupo A e o grupo B seu inimigo, o bom e o mau, a virtude e o vício. A separação entre eles parece tão nítida como a separação entre um sólido e um espaço, uma figura e o fundo que a destaca. Por conseguinte, a separação, a diferença, é o que notamos; ela preenche a notação de linguagem, e sendo notada e explícita é consciente e irreprimida. Mas existe também algo despercebido e ignorado, que não preenche a notação de linguagem e que, sendo implícito e não notado, é inconsciente e reprimido. É que o 'dentro' e o 'fora' da classe existem juntos, e um não pode passar sem o outro. 'Ser e não ser acontecem mutuamente'. Por baixo da disputa está a amizade; por baixo do sério está o frívolo; por baixo da separação entre o indivíduo e o mundo está o padrão de campo. Nesse padrão cada pressão de dentro é ao mesmo tempo uma retração de fora, cada explosão uma implosão, cada concavidade uma convexão. Surgindo mútua e simultaneamente de maneira a não se poder dizer de que lado de uma fronteira começa um movimento. O indivíduo não atua sobre o mundo mais do que o mundo atua sobre o indivíduo. Causa e efeito ficam sendo partes integrantes do mesmo acontecimento."
Obs. Esse post tinha um ótimo título, pequenininho e econômico, mas colocá-lo me deixaria muito vulnerável. D* tem razão: nem todo mundo pode ouvir o que temos a dizer.
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