segunda-feira, agosto 28, 2006

Moderado e elegante, besunto-me de essências. O que sei de meu rosto me é suficiente. Bastam-me as pequenas atenções do cotidiano. Não se aconselha a amar a própria perplexidade. Mas acomodar-se a vida possível e trascrita na Bíblia. Serei um acomodado? E quem não é. Dizer bom-dia não é então sancionar a existência do inimigo e acomodar-se a sua estratégia? Ah, Zé, quantos capítulos são diariamente redigidos numa infindável série de resignações. Até mesmo quando gritamos puta, merda, caralho, estamos a consagrar a linguagem coersiva da escatologia oficial. Estas exclamações do arcabouço lingüístico dos ingênuos que se satisfazem com falsalsetes que o meio social sabiamente absorve e atenua.
Nélida Pinõn. O Jardim das Oliveiras.

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