Ensaio várias vezes a ligação, mas o que dizer? Recaída? A vontade é de dizer: “Pronto, já aprendi. Agora pode voltar ao normal? Quero minha vida de volta”. Percebo que prefiro a dor conhecida. Ela mandou-me arriscar, disse que o desconhecido traz grandes surpresas.
Ok. Não serei ridícula sozinha. As apresentações já começaram. Constrangimento coletivo. Caralho, isso não é arte. A estética é a ética da existência. A estética é a ética da existência. Eis meu novo mantra.
Meu telefone podia tocar. Alguém me chamando para almoçar. Correria sem dúvida (e com alívio). Preciso de uma desculpa para fugir daqui, mas não basta fugir, quero ir ao encontro de alguém bom. Porque a estética é a ética da existência.
Chegou: Raul Seixas. Depois de one, two, three (com sotaque) todos cantam e dançam “eu sou o medo do fraco...”. Sem surpresas. Apropriar-se de Nietzsche, Raul, Lispector, Meireles é típico.
Meu telefone tocou. Não era quem eu queria. Não que eu quisesse alguém especificamente. Ótimo pretexto para ligar. Teclo os números, lembro do prazer desconhecido e desligo. Palmas para Carola!
Finalmente um bom trabalho. Aposto que o único. Infelizmente estou tão irritada que não presto atenção.
Perguntam para ela se estou contrariada ou se sou sempre séria desse jeito. Ela responde que sou séria e eu aviso que não vou cantar, pintar-me ou dançar.
2 comentários:
sofrer sempre é melhoor mesmo vc tem toda razão.
eu me despeço
ciao
eu queria entender isso tudo que se passa contigo...
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